domingo, 21 de julho de 2013
Eu, Fulano de Tal, declaro que...
As papelarias deveriam ter, entre seus formulários, um que facilitasse a vida (ou, mais propriamente, a morte) daqueles que pensam no chamado ato extremo. Alguns desistem porque ficam às vezes anos escolhendo as palavras adequadas e as expressões corretas. Se o suicida for um revisor de textos, provavelmente se encontrarão, nas gavetas de sua casa e no micro, dezenas de versões da carta-despedida, além das previsíveis gramáticas, desde as de Eduardo Carlos Pereira, Silveira Bueno e Napoleão Mendes de Almeida, até as mais recentes, como a do professor Pasquale. A carta de suicídio, do ponto de vista da pureza do idioma, traz mais dificuldades do que se possa imaginar, começando pela clássica pergunta: nós nos suicidamos ou nós simplesmente suicidamos?
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