"Bons dias! Pego na pena com bastante medo. Estarei falando francês ou português? O Sr. Dr. Castro Lopes, latinista brasileiro, começou uma série de neologismos, que lhe parecem indispensáveis para acabar com palavras e frases francesas. Ora, eu não tenho outro desejo senão falar e escrever corretamente a minha língua; e se descubro que muita coisa que dizia até aqui, não tem foros de cidade, mando este ofício à fava, e passo a falar por gestos.
Não estou brincando. Nunca comi croquettes, por mais que me digam que são boas, só por causa do nome francês. Tenho comido e comerei filet de boeuf, é certo, mas com a restrição mental de estar comendo lombo de vaca. Nem tudo, porém, se presta a restrições; não poderia fazer o mesmo com as bouchées de dammes, por exemplo, porque bocados de senhoras dá ideia de antropofagia, pelo equívoco da palavra. Tenho um chambre de seda, que ainda não vesti, nem vestirei, por mais que o uso haja reduzido a essa simples forma popular a robe de chambre dos franceses,"
(Crônica de 7 de março de 1889, extraída do livro Bom dias!, coletânea organizada por John Gledson, publicado pela Editora Unicamp.)
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