"Os concursos literários patrocinados por editoras só favorecem a elas próprias. Os editores pensam, desde o dia de infortúnio em que foram inventados, que eles é que fazem aos escritores o favor de publicar-lhes seus livros, sobretudo os escritores novos, e que, por conseguinte, são eles que devem pagar pela publicação. Um editor me disse há pouco que a indústria editorial não é feita pelos escritores, nem pelos escritores e editores juntos, mas só pelos editores. Disse-lhe que era o mesmo que pretender que a indústria petrolífera é feita só pelas companhias petrolíferas, sem a modesta colaboração do petróleo. Esta concepção messiânica de seu próprio destino foi sem dúvida o que induziu as editoras ao embuste dos concursos literários. Elas os organizam com pretensão de benfeitores da humanidade e arcanjos da cultura, quando a única coisa que fazem na realidade é promover o nome de suas próprias empresas à custa dos escritores que não têm quem os publique, como não tiveram no início de suas vidas nenhum dos escritores que foram grandes no mundo."
(Do livro Obra jornalística de Gabriel García Márquez - volume 5 (crônicas), tradução de Léo Schlafman, publicado pela Editora Record.)
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