Nós nos lembramos ainda do momento
Em que ouvindo os conselhos da razão
Desdenhamos a voz do coração
E declaramos nulo o sentimento.
Livres do amor e do seu sofrimento,
Dos cansativos lances da paixão,
Nós dois já não pensávamos senão
No ócio, na paz e no recolhimento.
Fechamo-nos em casa. O amor eterno
Ao relento ficou naquele inverno,
Gritando o nosso nome e unhando a porta.
No dia em que afinal a porta abrimos,
Horrorizados sua imagem vimos,
Irremediavelmente fria e morta.
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