sexta-feira, 16 de maio de 2014

No metrô

Sentada no banco, ela alisa a própria coxa, devagar, devagar. Faz isso sempre. São tão monótonas as viagens. Alisa, continua a alisar. Não pensa em nada, nem em ninguém. Só existem sua mão e sua coxa. É um exercício diário, de excitação controlada, um passatempo, uma recreação quase mecânica. Descerá na estação seguinte. Alisa a coxa, devagar, com a mão oculta pela bolsa. Sua estação chegou, mas subitamente, inesperado, um arrepio desce pelo seu ventre. A mão alisa a coxa, mais rapidamente agora, e ela, para que o arrepio se complete e consume, se revê num cinema, com Ígor, um rapaz cujos dedos longos e inquietos costumam ter na coxa apenas um início de percurso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário