quinta-feira, 29 de maio de 2014
A serviço do prazer
Estamos sós de novo, os três, do lado de fora de uma dessas mansões às quais toda noite somos levados. Ainda agora há pouco, como nos olhavam, como nos sorriam, como docemente nos falavam! Jovens estrangeiros importados para o prazer de ávidas mulheres, nós três fizemos o que pudemos, nosso melhor. Bebemos em taças marcadas de batom, exibimos nossos músculos, dançamos, copulamos com quantas mulheres nos quiseram. Elas nos prometeram tesouros, vice-reinados, mas nossos lábios estavam entretidos e não dissemos sim. Acordamos agora e, como toda manhã, estamos do lado de fora da mansão, onde o sol dispensou de brilhar as majestosas luzes da véspera. Desde o início desta excursão, que dura já cinco anos, tem sido assim. Nosso empresário, antes de cada noitada, nos assegura que será a última e que finalmente nos venderá para um grupo de milionárias viciadas em sexo que nos darão sustento e luxo pelo resto da vida. Mas há sempre algum empecilho, que ele nunca explica a nós, e debaixo de impiedoso sol ou chuva inclemente seguimos para outra cidade, onde mostraremos nosso corpo e o alugaremos para prazeres alheios. Não corre mais em nossas veias o sangue que fervia três anos atrás. Temo que logo as mulheres comecem a desdenhar de nossos músculos, e nosso empresário acabe nos vendendo para algum negociante de sexo que nos destine a bordéis nos quais satisfaremos velhas flácidas e - tomara que não - rapazes degenerados.
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