quarta-feira, 28 de maio de 2014
Os dois, enlaçados
Agonicamente seguro pela mulher - que o arranha nas costas e com os tornozelos fincados nas suas coxas o impede de fazer qualquer movimento que não seja aquele no qual ela busca o prazer -, ele sabe que não escapará enquanto ela não gemer os cinco minutos de sempre. Só depois é que ela se afrouxa aos poucos e, como se fosse alguém que tivesse recebido a mais especial das graças, murmura obrigada, obrigada, obrigada, até que o sono a imobiliza como se estivesse morta. Toda noite ele se esforça, se esfalfa, mas é cada vez mais difícil levá-la a dizer obrigada, obrigada, obrigada. Quando ele fraqueja, ela o incita, como agora, com palavras que ferem seu orgulho de jovem macho. São essas palavras que, despertando o ódio, lhe devolvem a força e o fazem redobrar as estocadas. Quando, além da mulher, a cama se põe a gemer, ele começa a gritar está bom, está bom, está bom?, e assim, enlaçados como dois lutadores, ele e ela são vencidos por espasmos tão intensos que é como se o quarto e o edifício estivessem no caminho de um terremoto.
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