"Ah, Rufina, meteoro rutilante, perpassaste pelo céu caliginoso de minha vida! Estarás a estas horas olvidada de mim. Nem por um momento esvoaçará por tua cabecinha pequenina e redonda a ideia de que deixaste um farpão enroscado na carne de um pobre funcionário; de que esta pobre alma, jogada de cá para lá sobre os trilhos imutáveis, está a ver-te sempre no mesmo banco, ao lado do mesmo ancião de rosto severo e pausada voz, como uma avezita ao lado de um rinoceronte. - Perdoa-me se é teu pai, ou teu avô, ou padrinho; mas não podias ter companheiro que melhor fizesse realçar a tua brevidade graciosa e arrogante de galinha garnisé. Não te verei mais, Rufina?"
(Do livro de crônicas Memorial de um passageiro de bonde, edição da Hucitec.)
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