Como quem se apaixona e, apaixonado,
Perde toda a razão, o senso e o tino,
E vai de desatino a desatino,
Sem saber o que é certo e o que é errado,
Eu também, como um tolo enamorado,
Quanto mais me avalio e me examino,
Com o que comigo ocorre não atino
E nada entendo, e não compreendo nada.
Que obsessão pode ser esta de agora,
Tão sem sentido, já, e fora de hora,
Para um homem decrépito como eu?
Que paixão pode ser ainda sentida,
Que vida pode ser ainda vivida,
Por quem há tanto tempo já morreu?
(Soneto da paixão extemporânea)
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