quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Soneto do amor e de seus vassalos

Quem é que, se do amor for um vassalo

E se puder, por essa condição,

Ter o prazer, além da obrigação,

De venerá-lo e de reverenciá-lo,


Irá diminuí-lo, contestá-lo,

Não lhe dizer o sim, dizer-lhe não,

Recusar-lhe louvor e submissão

E por seu despotismo denunciá-lo?


O amor há de ser sempre inocentado

Por quem por ele for escravizado

E, se queixas lhe forem dirigidas,


Não serão pelas dores que causar,

Por mais que possam ser, e machucar,

Mas por não serem mais, e mais doídas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário