segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Soneto de como se deve negociar o amor

Quem do amor quer e espera pagamento,

E cada abraço e cada beijo dado

Anota sem perdão e com cuidado,

Agindo tal qual age um avarento,


Não merece reparo ou escarmento

Nem ser, por ser assim, vilipendiado

E pelos outros homens apontado

Como um homem vulgar, sem sentimento.


Quando de amor se trata, o perdulário

Que nada exige em troca do que deu

No fim é sempre visto como otário


E quando na penúria se encontrar

Lhe dirão que a miséria mereceu

Por jamais ter sabido negociar.

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