segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
A primeira vez
A mulher parou então diante de um casarão apodrecido da Asdrúbal do Nascimento: "É aqui. Vamos." Sob a luz do poste que havia bem em frente à entrada, ele notou que ela era pelo menos vinte anos mais velha do que parecera. "Vamos?", ela repetiu, pegando-lhe o braço com seu toque mercenário. Ele apalpou no bolso as notas que ganhara copiando por quinze dias as lições do colégio para um aluno adoentado. "Vamos", ela disse, mais enérgica, impondo-se à sua hesitação. Subiu com ela uma escada que infelizmente não tinha mais que duas dezenas de degraus, e de repente se viu num quarto que lhe lembrou descrições de Dostoiévski. "Não precisa tirar a roupa toda. Vem." Foi a última frase que ouviu na juventude. Logo estava subindo e descendo, como um marinheiro novato enjoado no navio, esforçando-se para entender o que estava acontecendo, e sabendo, embora o asco fosse maior do que o prazer, que voltaria a subir aquela escada para chegar àquele quarto que o sêmen de várias gerações havia impregnado com seu cheiro ácido e triste.
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