quinta-feira, 21 de março de 2013

Dois poemas de Wallace Stevens

"O VAZIO NO PARQUE

Março... Alguém caminhou através da neve,
Alguém procurando não sabia o quê.

É como um barco que saiu
De um cais à  noite e desapareceu.

É como uma guitarra deixada numa mesa
Por uma mulher, que dela esqueceu.

É como o sentimento de um homem
Que voltou para ver uma certa casa.

Os quatro ventos sopram por entre a latada,
Sob os seus colchões de vinhas.

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"CONVERSA À MESA

Morremos de vez, é certo.
Por isso, a vida é uma coisa,
De que acontece, ou não, gostar.

Mas, sendo assim, por que me acontece
Gostar do mato vermelho,
Da erva cinzenta e do céu verde-cinza?

E que mais? Mas, vermelho,
Cinzento, verde, por quê, especialmente?
Não foi isso o que eu disse:

Não esses, especialmente. Apenas, esses.
Gostamos do que acontece gostarmos.
Gostamos da maneira como o vermelho cresce.

Não tem nenhuma importância.
Acontecer gostar é uma das maneiras
Que as coisas tyêm de acontecer."

(Do livro Antologia de Wallace Stevens, tradução de Maria Andresen de Sousa, publicado pela Relógio D'Água.)

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