sexta-feira, 22 de março de 2013
O tio velho
Anteontem e ontem, os objetos da sala se mantiveram calados. Mas já sabem hoje que, além de meio cego, o tio que foi morar na casa é um bocado surdo. E já o sofá onde ele passa a maior parte do dia diz às cadeiras que, se o velho morrer, ele não vai se importar: o cheiro dele e das suas roupas é repugnante. As cadeiras estalam de rir e comentam que isso é o melhor que poderia acontecer a um sofá pretensioso como ele, enquanto as flores, no jarro do centro da mesa, se perguntam o que lhes acontecerá se aquele odor de velhice for atribuído a elas.
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