sexta-feira, 22 de março de 2013
O narrador em Kafka
O tipo mais comum de narrador é aquele que se apresenta como quem sabe tudo de toda a trama e de todos os personagens, uma espécie de Deus no Dia do Juízo Final. Ao leitor resta confiar nesse narrador onisciente e na verdade ou na mentira que ele expõe. Em Kafka, o narrador é insciente e sua insegurança, suas hesitações e suas contradições se transmitem ao leitor. Daí a estranheza que os textos de Kafka provocam. O narrador dispõe-se a contar uma história que ele mesmo admite não conhecer integralmente. Ele não nos engana. Desde o começo deixa claro que, se decidirmos segui-lo, ele não nos levará por um caminho ensolarado, nem no sentido psicológico nem no físico. Em Kafka não existe aquilo que costuma chamar-se de entretenimento.
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