"Começa-se com um indivíduo e, antes de se dar por isso, descobre-se que se criou um tipo; começa-se com um tipo e descobre-se que não se criou nada. E isto porque somos todos criaturas estranhas, mais estranhas por trás dos nossos rostos e das nossas vozes do que desejamos que alguém saiba, ou do que nós próprios sabemos. Quando ouço um homem proclamar-se "um tipo mediano, honesto, aberto", fico com a certeza de que tem qualquer anormalidade concreta e talvez terrível, que resolveu esconder - e os seus protestos de que é mediano e honesto e aberto são a maneira de recordar a si próprio a sua conveniência."
De A década perdida, tradução de M.F. Gonçalves dde Azevedo, publicado pela Editorial Estampa.)
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