sexta-feira, 22 de março de 2013

Uma carta para Aurélia, de Gérard de Nerval

"A senhora é mesmo a pessoa mais estranha do mundo, e eu seria indigno de admirá-la se me cansasse de suas inconstâncias e de seus caprichos.
     Sim, eu a amo bem mais ainda do que a admiro, e ficaria zangado se a senhora fosse diferente. Um amor como o meu exigia uma luta penosa e complicada. Esta incansável paixão exigia uma resistência extraordinária; contra tais astúcias, labores, essa surda e constante atividade que não negligencia nenhum meio, que não repele nenhuma concessão, ardente como uma paixão espanhola, dócil como um amor italiano, todos os recursos seriam necessários, todas as sutilezas da mulher, todas as forças que uma cabeça inteligente pode reunir para combater um coração bem decidido. Teria sido preciso tudo isso, provavelmente, e eu a teria estimado pouco se tivesse encontrado menor resistência e um desafio menos perigoso.
     Não receie nada, contudo; ainda não me restabeleci do golpe que me atingiu, e preciso de tempo para..."

(Do livro Aurélia, tradução de Luís Augusto Contador Borges, publicado pela Iluminuras.)
    

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