segunda-feira, 1 de julho de 2013

O almoço de Natal

Minutos antes do almoço de Natal, uma das beneméritas do asilo fará um discurso em que esfarinhará todas as normas gramaticais. A cada achincalhamento do idioma, ele, com sua antipática mania de revisor, fará um reparo em voz alta. No fim do discurso, todos aplaudirão a caridosa mulher e o encararão com rancor. Quando servirem os pratos, cada garfada que ele der será acompanhada como se ele fosse um leão destroçando os ossos de um filhote de zebra. Saberá depois, pela diretora da instituição, que a benemérita terá perguntado quem era aquele velho metido a Pasquale Cipro Neto. Ouvindo tratar-se de um jornalista aposentado, ela dirá que, se ele era jornalista, ela era Madre Teresa de Paquetá. Calcutá, ele corrigirá, dando a estocada final, que lhe valerá ficar com uma ameixa a menos no pudim, além do apelido de Ranheta.

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