"John Ruskin sabia tudo de ruínas e estátuas quando se casou com uma estátua viva chamada Miss Gray, que era tudo menos gris. Eufemia de nome, todos a conheciam como Effie, e de alta e visível que era, podiam tê-la chamado de torre Effie. Na noite de núpcias, e à luz de várias velas, Effie tirou todas as anáguas requeridas pela moral vitoriana e expôs seu corpo nuzinho ante seu marido. Olhem só isto. Ruskin levou o maior susto da sua vida: Effie, no púbis, tinha velo púbico em privado! Até então Ruskin nunca tinha visto uma mulher despida. Como convinha a um cavalheiro consumado e a um esteta entre estátuas, viu, claro, que nas estátuas as mulheres tinham monte de Vênus e púbis e pomba. Tinham todo o equipamento sexual feminino: tudo menos pelos. Os de Effie eram louros como ela, como a penugem do milho, mas não eram menos pelos que os cabelos da bela noiva. Ruskin ficou paralisado um momento, depois saiu do quarto nupcial - e não voltou a entrar nele."
(De A ninfa inconstante, tradução de Eduardo Brandão, publicado pela Companhia das Letras.)
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