quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Acreditamos

Acreditamos, um dia, que enlouquecer por amor era a mais lícita das atitudes. Enlouquecemos, então, e não houve médico que nos curasse. Todos os que subiram à torre onde fazemos colares com resíduos de estrelas acabaram se interessando por esse nosso artesanato e abandonaram as clínicas. É possível vê-los na rua, com as mãos cheias de uma prata que só se encontra no céu, esmerando-se nos colares, e também em pulseiras, enquanto declamam estrofes de trovadores da Idade Média. Os versos que dizem se transformam, assim como os que digo, em fiapos insubstanciais que logo se põem a flutuar, como delicadas almas de pássaros.

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