domingo, 29 de dezembro de 2013
Das astúcias do sexo
Uma das astúcias do sexo, a mais comum, é fazer-se passar pelo amor. Ele beija mãos com reverência, fala de alma e de rosas, gorjeia e rouxinoleia. Parece tão fraco sempre, frágil, tão frágil e místico. Qualquer um confiaria sua ovelha mais dócil a ele, para uma excursão de três dias pelos montes. Deixaria também ir com ele a filha de doze anos, que na semana passada fez a primeira comunhão. Quem deixaria, deixa. E certa manhã lá se vão a ovelha, a menina e o sexo. Este, logo na primeira noite, se deita entre as duas, para que não sintam medo dos ruídos da mata, e pergunta à ovelha e à menina se querem brincar de ménage à trois. A ovelha não responde, e seu silêncio é tomado como assentimento. A menina, ingênua e curiosa como todas, diz que sim, que gostaria, e quer saber como se brinca. Como é mesmo o nome? O sexo repete, com sua voz amorosa. É inglês?, ela indaga. Você é esperta, diz o sexo, já com uma das mãos nela e a outra na ovelha.
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