terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Claro

Claro, não te lembras de nada. De como era a manhã, se era ensolarada ou respingada pela chuva. Lembras vagamente que me viste, que eu falei contigo, que sorri, que sorriste. Lembras vagamente como eu era, um desses tipos destinados a ser como aqueles figurantes que num filme atravessam uma rua e cuja falta ninguém sentiria numa segunda exibição. Lembras vagamente que eu lhe falei de algumas coisas das quais não te recordas nem vagamente. Lembras vagamente que eu falei dos teus cabelos, talvez, ou de algo em ti que tinha importância para mim. Se te esforçares, talvez lembres outras coisas, todas afinal miúdas como miúdas costumam ser as coisas de uma manhã dezembrina. Deus te abençoe. Se viste a minha desimportância, provavelmente também a lembrarás vagamente, como algo que não há por que lembrar.

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