segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Enredos óbvios

Aqueles que se afogarão por amor entraram agora no navio. Estranham não haver ninguém da tripulação a bordo. Mas não se inquietam. O amor certamente estará em sua cabine de capitão. Não está. Deixou, porém, instruções para que façam o navio se mover. Tudo certo e simples. Ele os esperará numa ilha que alcançarão depois de duas horas de viagem. Eles seguem as recomendações. O dia está azul; as ondas, calmas. Não há como se formar uma borrasca, mas ela se forma e sacode o navio como se quisesse arrancar-lhe uma confissão. Ele começa a ser destroçado. É hora de correr para os botes salva-vidas. Notam que há um só, e alguém chegou primeiro. É o amor que, numa parte em que o sol brilha e as ondas estão inacreditavelmente plácidas, se afasta dando tchauzinhos e rindo como um garoto que acabou de atar três latas com fogos de artifício ao rabo de um gato.

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