domingo, 8 de dezembro de 2013

"O apagado", de Heinrich Heine

"A gente morre e cai no tédio
De um túmulo, no cemitério;
Aflige-me a preocupação -
Demora a tal ressurreição?

Mais uma vez, antes que o breu
Engula o que a vida me deu -
Mais uma vez, o que mais quer
Este meu corpo é uma mulher.

Deve ser loira, de olho azul,
Linda e suave como a luz
Da lua - só a duras penas
Aguento o sol dessas morenas.

Jovens que fazem a iniciação
Aspiram ao fogo da paixão -
Clamor, promessas e feridas
De uma tortura consentida!

Hoje, carente de saúde,
Dizendo adeus à juventude,
No amor um último mergulho
Desejo dar - mas sem barulho."

(Do livro "Heine hein?", tradução de André Vallias, publicado pela Perspectiva.)

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