segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Trecho de "Explorações", de Rula Wicknerd, antropóloga dinamarquesa

Às vezes esse distúrbio (o do amor, ou o da carência afetiva extrema) assume entre esses nativos aspectos dramáticos e quase inverossímeis. Em uma das tribos ouvi um relato sobre um jovem que, por um afeto desenganado, sumiu por semanas. Foram encontrá-lo em uma das margens do rio, enlaçado por uma descomunal sucuri. Quando se aproximaram, dispostos a soltá-lo, vivo ou morto, ele sorriu e deu a entender que tudo estava bem. Disse alguma coisa à sucuri, que imediatamente desapertou os nós. Livre, ele conversou com o grupo que pretendera resgatá-lo, recebeu informações da família e pediu que não se preocupassem com ele. Podiam ir embora tranquilamente. Timidamente, como convinha a um jovem, mencionou uma palavra, sinônima de amor, e entregou-se de novo ao abraço da sucuri.

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