quarta-feira, 19 de março de 2014
Barão, Ipiranga, Dom José, São João
Eu me embebedava e, quando a madrugada ia esvaziando as ruas, caminhava pelo centro, pela Barão, pela Ipiranga, pela Dom José de Barros, pela São João, julgando que ali poderia estar, num quarto andar de um prédio, uma mulher que, se chamada, desceria para ouvir os sonetos que eu fizera nos balcões de bares enxovalhados. Eu gritava um nome, outro, gritava todos os nomes, e nenhuma porta jamais se abria. Anos depois, eu viria a gritar teu nome em todos os lugares para onde me levava meu desespero, mas nunca devo tê-lo gritado na rua certa, onde, por uma obra de pura taumaturgia, talvez estivesses disposta a me ouvir e pousar tuas mãos no meu rosto incendiado pela febre.
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