"GEORG TRAKL
Seus olhos paravam bem longe.
Quando garoto esteve no céu.
Por isso suas palavras vinham
De nuvens azuis e de brancas.
Discutíamos religião
Mas sempre como parceiros de jogo,
E levávamos Deus de boca em boca.
No princípio era o Verbo.
Coração de poeta, um firme castelo;
Seus poemas: teses cantantes.
Era mesmo Lutero.
Carregava na mão sua alma tríplice
Quando partiu para a guerra santa.
- Então soube que morrera -
Sua sombra permaneceu sem explicação
No entardecer do meu quarto."
(Do livro De profundis, tradução de Claudia Cavalcanti, publicado pela Iluminuras.)
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