"Papai e mamãe cochilam no sofá.
Ela - treze anos - está só.
O crepúsculo encanta a janela.
Ela espia com suas grandes maravilhas azuis.
Sua fronte anota luminosos hieroglifos.
Calmos, cochilam papai e mamãe,
Rimados no sono como uma cantiga infantil.
Ela está só, e quem velará
Quando vier o lobo terno-selvagem?
O meigo-selvagem lobo é peludo
E seus olhos são moscas verdes.
Ele é um lobo tão bom-mau,
Tão cálido e misterioso.
Papai e mamãe dormiram algumas milhas
E ela está terrivelmente só.
Unhas arranham a maçaneta.
A porta range.
Quem velará por ela
Quando chegar o lobo meigo-selvagem?"
(Tradução de Paula Beiguelman, do livro Quatro mil anos de poesia, publicado pela Editora Perspectiva.)
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