"Ouço os Cavalos Fantasmas, as suas longas, alvoroçadas crinas,
Os tumultuosos e pesados cascos, o branco resplendor dos olhos;
O Norte desvenda-lhes a obstinada, serpenteante noite,
O Leste sua oculta alegria ao romper da manhã,
Chora o Oeste o pálido orvalho enquanto suspirando morre,
Verte rosas o Sul de fogo carmesim:
Oh que inúteis o Sono, a Esperança, o Sonho, o eterno Desejo,
Os cavalos do Desastre investem pela densa argila:
Amada, semicerra os olhos, deixa o teu coração palpitar sobre
O meu coração, sobre o meu peito deixa os teus cabelos,
Afogando a solitária hora do amor em profundo anoitecer de paz,
Escondendo as agitadas crinas, os tumultuosos cascos."
(De Uma antologia de W.B. Yeats, tradução de José Agostinho Baptista, publicada pela Assírio & Alvim, Lisboa.)
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