quarta-feira, 16 de abril de 2014

"Eros suspenso", de René Char

"A noite cobrira metade do seu percurso. Neste segundo, o acúmulo dos céus ia caber inteiro em meu olhar. Eu te vi, primeira e única, fêmea divina, nas esferas transtornadas. Eu rasgava teu vestido infinito e te reconduzia nua no meu chão. O húmus vivo da terra esteve em toda parte.
      Voamos no espaço cruel, dizem tuas servas - ao canto da minha trombeta rubra."

(Do livro O nu perdido e outros poemas, tradução de Augusto Contador Borges, publicado pela Iluminuras.)



Nenhum comentário:

Postar um comentário