"Frida era muito bonita. Ou mais do que bonita: era tremenda. Tinha olhos ferozes e maravilhosos, boca perfeita, sobrecenho hirsuto, bigode apreciável. Certa vez ela o raspou e Diego (Rivera) ficou furioso: de algum modo os atributos sexuais dos dois eram trocados, porque ele tinha grandes peitos de mulher que encantavam Frida. Ao seu poderoso físico, Frida acrescentava uma incrível encenação: sempre usava roupas das índias tehuanas, belíssimos trajes amplos e farfalhantes de anáguas e rendas. Trançava os cabelos com fitas de cetim, flores, veludos; e se adornava com pesadas joias pré-colombianas ou coloniais. Para ela, vestir-se era uma expressão artística a mais; entre enfeitar-se diante de um espelho e pintar um de seus autorretratos não devia haver muita diferença. Nas duas atividades, construía-se a si mesma, algo que lhe era absolutamente necessário em sua corrida contra a decadência. Porque seu corpo ia caindo aos pedaços; nos terríveis anos finais, ela escreveu em seu diário: 'Eu sou a desintegração.'"
(Do livro Histórias de mulheres, tradução de Joana Angélica D'Avila Melo, publicado pela Agir.)
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