domingo, 13 de abril de 2014

Um trecho de Walt Whitman

"Alguém pensa que é sorte ter nascido?
Apresso-me a informar esse homem ou essa mulher que é igual sorte viver ou morrer, eu sei.

Morro com aquele que vai morrer e nasço com aquele que está a nascer, não estou contido entre o meu chapéu e as minhas botas,
E examino os mais variados objetos, nenhum igual ao outro e todos bons,
Boa a Terra e boas as estrelas e bons os seus complementos.

Eu não sou um mundo nem o complemento de um mundo,
Sou o camarada e o companheiro das pessoas, todas são imortais e insondáveis
como eu próprio,
(Eles nem sabem como são imortais, mas eu sei.)

Cada espécie para si própria, para a minha o macho e a fêmea,
Para mim os que foram rapazes e amam as mulheres,
Para mim o homem altivo que sente a dor do desdém,
Para mim a bem-amada e a solteirona, para mim as mães e as mães das mães,
Para mim os lábios que sorriram, os olhos que derramaram lágrimas,
Para mim as crianças e aqueles que as procriam.

Despe-te!, para mim não és culpado, nem decrépito, nem banido,
Vejo-te através do pano fino ou do algodão,
E aproximo-me, tenaz, ávido, incansável, e ninguém me pode afastar de ti."

(Do livro Canto de mim mesmo, tradução de José Agostinho Baptista, publicado pela Assírio & Alvim.)

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