domingo, 9 de setembro de 2012

Certa manhã

É escritor. Está com quarenta e dois anos e os seus três romances, todos vencedores de prêmios, têm como tema a fragilidade da vida. Sabe que é escritor por algo que lhe aconteceu quando estava com dez anos. Certa manhã, no colégio, conversou um minuto com o homem que estava consertamdo o telhado. Tinha acabado de dizer tchau para voltar à sala de aula quando ouviu um barulho fragoroso e, olhando para trás, viu o homem no chão, com a cabeça destroçada. Quando dá entrevistas sobre o que o motivou a se tornar romancista, cita a mãe e o pai pelo incentivo, Dostoiévski e Tchekhov como influências, mas sabe que comete uma injustiça com o homem que morreu certa manhã à sua frente, há trinta e dois anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário