Além do muro
no terreno baldio
no escuro mais escuro
na chuva no frio
o amor enjeitado cresce
como um cachorro largado
como um menino vadio
Coitado dizem ao vê-lo
crescendo assim sem zelo
porém ninguém
estende a mão
a esse guri tuberculoso
sozinho no mundo
a esse cão sarnento
a esse leproso escorraçado
(hanseniano, segundo
a nova denominação)
Mas ele cresce
no frio no escuro
suas raízes furtivamente enterra
avança pelos intestinos da terra
e transpõe o muro
esperando o dia
em que lá dentro
acariciada pelo vento
se mostre ao sol
a primeira floração
de sua agonia
e de seu ressentimento.
sábado, 15 de setembro de 2012
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