terça-feira, 25 de setembro de 2012
Farinha de estrelas
O guarda-noturno, em sua ronda, viu numa rua um brilho que o deixou por uns instantes cego para todas as outras coisas. Deu o alarme e chamou a polícia para investigar. Quando ela chegou, nas calçadas havia também um brilho que fervilhava, com um ruído de papel de seda rasgado. Embora fosse já meia-noite, muitos moradores saíram de casa para ver o que estava acontecendo. O poeta do bairro olhou para o céu, depois para o chão, e disse que aquilo era farinha de estrelas, mas prevaleceu a opinião geral e pouco depois desceram de um caminhão homens com luvas e protetores oculares, disseram que aquilo era material radioativo e, aplaudidos, levaram embora dois sacos repletos daquela poeira de prata. O poeta, furtivamente, recolheu um pouco daquele pó e o colocou no bolso. Em casa, pegou a caixa de fósforos onde desde quando era menino guardava vaga-lumes e pôs dentro também o pó. Toda noite, agora, quando o bairro dorme, ele apaga as luzes, abre a caixa e tenta decidir se brilham mais os vaga-lumes ou a farinha de estrelas.
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