quarta-feira, 24 de abril de 2013

Os poemas concretos

Os poemas concretos não foram muito longe. A poesia guarda ainda um tanto de declamatório, e o concretismo, abolindo o caráter discursivo dos poemas, passou batido. Gostaria de escrever um, hoje. Ele teria duas palavras só, que se distribuiriam de um jeito que infelizmente não consigo fazer aqui, porque meu programa de blog está como estou eu: completamente fodido. As palavras seriam "vida" e "inútil" e se repetiriam à exaustão, ocupando toda esta página, todo este blog, todo este micro, como um vírus irrevogável e fatal. Isso é a vida, não se iludam: inútil, inútil, inútil, com pausas milimétricas nas quais brilham Shakespeare e mais uma centena de homens e mulheres que em milênios constituem a exceção. Depois de ocuparem todo o espaço que conseguissem, "vida" e "inútil" dariam espaço à única palavra que tem verdadeiramente valor: a santa, a abençoada, a magnífica, a bela, a maravilhosa e eterna "morte". Boa tarde.

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