quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Um poema de Emily Dickinson

"Eis os dias em que voltam os pássaros -
Muito poucos - um pássaro ou dois,
Para um último olhar.

Eis os dias em que os céus refazem
Os velhos sofismas de junho -
Um equívoco azul-dourado.

Ó fraude que não engana a abelha -
Tua plausibilidade por pouco
Não me convence.

A semeadura, porém, dá seu testemunho -
E suave, pelo ar alterado,
Apressa-se uma folha xucra.

Ó sacramento dos dias estivais,
Ó última ceia entre névoas -
Deixai que uma criança comungue

E partilhe vossos signos sacros -
Que tome do vosso consagrado pão
E do vosso vinho imortal!"

(De Poemas escolhidos, tradução de Ivo Bender, publicado pela L&PM.)

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