segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Borrasca

Às vezes, quando cochila, sente o fragor das ondas que sacodem o navio e ameaçam arremessá-lo aos agudos icebergs das estrelas, fazendo-o espatifar-se de encontro à lua. Grita então ordens, e corre pelo convés, e vai à sala das máquinas, e, clamando pelos deuses do oceano, convoca a tripulação à resistência. Acorda com o toque piedoso de uma enfermeira e descobre que do mar só lhe ficou o sal na boca, mordida por ele até arrancar-lhe sangue. Um curativo feito pela enfermeira - ah, seu João, ah, seu João - encerra mais uma de suas aventuras.

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