quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Os gritos

São gritos
que arrepiam a nuca
da madrugada

Gritos que ecoam
na treva vazia
lamentos de amor
nomes de mulher
rosas saras judites
julianas dulces iaras
berrados por homens
que berrando
parecem meninos
homens sem esperança
e sem consolação

Nomes gritados
para as ruas
para os becos
nomes lançados
às estrelas
à lua esquiva
à imensidão

Misericórdia
para esses homens
que gritam
em nome do amor
piedade
para esses soldados
derrotados
que gritam ainda
e não param
e gritando vão
de esquina em esquina
em vão

Rosas saras judites
julianas dulces iaras
esses gritos
que apunhalam
os ouvidos
da madrugada
já não bastam não?

Rosas saras judites
julianas dulces iaras
poderosas mulheres
por esses homens amadas
por que vocês se escondem
onde vocês estão?

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