sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Aquele gosto

Não sei por que desgosto
a chuva resolveu hoje
vir chorar em minha janela

Começou à uma
já vai para o fim a tarde
e ela como se uma desgraça
precisasse me contar
não parou um minuto
de fazer deslizar
suas lágrimas na vidraça

Vendo-as
lembrei-me daquelas
que numa perdida tarde
chorei por ti

Não sei quais seriam mais belas
se as desta chuva
se as daquela tarde
se as da natureza
se as da humana tristeza

Mas o gosto
ah o gosto amargo e doce
mesmo que as da chuva
eu resolvesse provar
mesmo que lamber essas lágrimas fosse
bem sei que jamais iria encontrar
aquele gosto de sal
de sangue e de vida
que diante de ti
naquela perdida tarde bebi

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