quarta-feira, 3 de julho de 2013
Meu doente
Ao meu amor nego remédio, raciono o alimento e dou água em conta-gotas. É da natureza dele ser doente, e só doente ele me serve. Gosto de vê-lo pálido, fraco, moribundo. Agrada-me pegá-lo no colo e senti-lo febril. Se tosse, penso em pneumonia dupla e se geme imagino algo letal. Às vezes seus sintomas me alarmam, e eu me pergunto como viverei sem ele, se um dia ele se for. Cuido dele, mas com parcimônia. Eu o quero vivo, mas doente, para que eu possa dizer-lhe que nunca sofrerá sozinho, que poderá sempre contar comigo enquanto doente estiver. Se ele fosse um desses amores rubicundos e gorduchos, há muito eu o teria entregue à adoção.
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