segunda-feira, 22 de julho de 2013
Os que enlouquecem por amor...
... enlouquecem lentamente. Há neles esse gozo, essa quase safadeza de enlouquecer. É um enlouquecimento que vai se apossando do corpo, poro a poro, gota a gota, pelo a pelo. É um desfalecimento, um afrouxamento, um desmaio adiado de todos os sentidos. O êxtase do amor é místico, não vem só do sangue, mas também da alma, e, assim como o dos mártires, tem algo de demoníaco. É como o prenúncio do castigo, que há de vir e que, em vez de ser temido, é estimulado. O castigo faz parte desse prazer que, embora possa ser descrito pela poesia, está mais próximo daquele inigualável, que sente o enfermo que, tendo chamado a enfermeira várias vezes de madrugada, resolve, depois do primeiro jato, deixar correr toda a morna e libertária urina pelas coxas.
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