"Também no vício, ó Natureza?
Será que um dia nos suplantas?
Eu vejo os animais e plantas
Mentindo que só uma beleza.
A mão no fogo eu não vou pôr
Pela camélia, pura e sábia;
Aposto que ela cai na lábia
De um salafrário beija-flor!
Aquele rosto tão modesto
Da violeta não me engana;
O odor seduz, mas tem é gana
De ser celebridade, atesto.
Duvido que seja sincera
A mise-en-scène do rouxinol;
Trila e soluça em mi bemol,
Só por rotina, e não se esmera.
Foi pras cucuias a razão,
Da lealdade deram cabo.
O cão ainda abana o rabo,
Mas morde quem lhe estende a mão."
(Do livro Heine hein? - poeta dos contrários, tradução de André Vallias, publicado pela Perspectiva.)
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