segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Segunda
Fazer o que com esta segunda-feira que me olha com cara de menino fugido do recolhimento de menores? Dinheiro atrai dinheiro, tristeza chama tristeza. A minha bem me bastaria e, se eu pudesse dividi-la, haveria o bastante para um programa social, talvez com a criação de uma secretaria. E me vem esta segunda com o rosto dos famélicos e dos desesperançados. Uma segunda-feira com jeito de Finados, enguardachuvada e vestida de preto como uma viúva. Que farei com ela? Nem consolá-la posso, eu, que se tivesse esse dom já o teria usado em benefício próprio, certamente. Alguém deve tê-la mandado a mim, dado meu endereço. Ultimamente eu tenho recebido incumbências assim: acolher segundas-feiras, e terças, talvez para que, olhando para mim, não se sintam tão injustiçadas. Estive ontem com o domingo aqui em casa e não nos demos tão mal. Não trocamos uma palavra, é verdade. Ao contrário dos domingos da minha infância, os de hoje são caladões. Talvez, como no meu caso, seja efeito da velhice.
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