terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Como um gato

Como um gato velho, já não precisamos de muito: nosso lugar no sofá, nossa tigela na cozinha, a certeza da mão carinhosa em nosso pelo. Nossos olhos não têm mais o brilho que encantou nossa dona, não damos mais aquelas corridinhas sapecas, mas ela ainda nos chama de meu gatinho, e isso basta para os nossos ouvidos. Nossos miados andam fracos, mas também a voz de nossa dona vem ficando mais suave quando nos fala, como se fôssemos gatos de porcelana e pudéssemos a qualquer momento nos estilhaçar, como aquele moinho que a mulher da limpeza derrubou outro dia com seu pano.

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