quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
E no entanto
E no entanto, como tantos, eu só tive boas intenções. Segui a rota dos meus sonhos, e eles me levaram a regiões que, eu devia pressentir, eram proibidas a um ser humano. Por alguns momentos, acreditei no ouro solar que tive nas mãos, e nas estrelas que eu colhia com displicência, como se fossem frutos. Bebi água diretamente nas nuvens, que eu dividia com os pássaros. À noite, dormia numa delas, soprado também por um vento cortês que, diferente dos ventos da terra, só contava histórias tão belas que fariam uma pedra oferecer seu melhor leite. Os sonhos me fizeram sentir-me como só os anjos se sentem. Acreditei neles, pensei merecer tudo que me era oferecido, e, como tantos outros, acordei com a gargalhada do demônio. Ele me mostrou minha alma: era triste como um passarinho morto e encharcado por três dias de chuva.
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