sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Fantasmas

Fantasmas de nós mesmos, refazemos com nossos passos vacilantes os caminhos da juventude. Nossa nostalgia nos leva à rua onde as mulheres alugavam o corpo e nos chamavam prometendo maravilhas por preços promocionais. São outras, agora, mas nos chamam ainda, como se pudéssemos deitar-nos com elas no quarto abafado e repetir aqueles convulsivos rituais. Somos senhores, hoje, e deveríamos estar em casa, lendo talvez o Padre Vieira e preparando-nos para o pó com o qual temos encontro marcado. Elas nos chamam, nos instigam. Temos vergonha de dizer-lhes que, se houver escada a subir, não conseguiremos. E vamos nos afastando, afastando. Viver é sempre isso: o homem afastando-se dolorosamente da sua juventude.

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