sábado, 5 de abril de 2014
A ternura...
... tem garras iguais às de um gato numa almofada. É carinhosa, mas não gentil a ponto de simplesmente passar sobre o tecido. Ela arranha, ela se demora nesse arranhar. Ela precisa deixar sua marca, ela sabe que sua doçura precisa ser pungente para ficar em nós, como a marca de uma vacina da infância ou dos dentes daquele gato que, achando as garras insuficientes para exprimir seu louco amor por nós, cravou-os em nossa mão enquanto nos fitava com seus olhos que pediam compreensão e, ao mesmo tempo, um memorável castigo.
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