domingo, 13 de abril de 2014

"Canção da manhã", de Sylvia Plath

"O amor te põe pra funcionar, relógio de ouro puro.
A parteira surra suas nádegas , e seu grito nu
Se aninha entre os elementos.

Nossas vozes ecoam, louvando sua vinda. Estátua nova.
Num museu arejado, sua nudez
Ameaça nossa segurança. Ficamos rodeando, brancos como paredes.

Não sou mais sua mãe
Do que a nuvem que desfaz o espelho que a reflete,
Rabisco lento na mão do vento.

De noite sua respiração corrosiva
Vacila entre rosas lisas. Acordo para ouvir:
Longe, um mar movendo em meus ouvidos.

Um grito, e escorrego da cama, vaca obesa e floral
Em minha camisola vitoriana.
Sua boca se abre, limpa como a de um gato. A vidraça

Empalidece e suga estrelas sujas.E agora você confere
Suas anotações;
Vogais claras sobem feito balões."

(Do livro Poemas, tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça, publicado pela Iluminuras.)














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