quinta-feira, 1 de maio de 2014

A caçamba

Desde que deixaram a caçamba na esquina, ninguém mais dorme na rua. Toda madrugada, o amor vem remexer escandalosamente o entulho, em busca dos sonetos que descartou durante o dia e que, à noite, pensa ser possível melhorar. Aproveitando os intermitentes uivos dos cachorros, uiva também, com esperança de que a amada, moradora do 222, ouça seu uivo e o ache mais melodioso e terno que todos os outros.

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